



Fez-se primeiro o papel. Solitário.
Necessitava de algo para deixar seus registros. Uma folha a ser preenchida.
Depois veio a caneta, fina, doce e instável.
Sua microvisão escreve incansávelmente no infinito espaço incompleto cedido pelo papel.
O primeiro encontro é um bem-me-risque-não-arrisque, sem sentido, sem direção, ao rumo da próxima estação; a primavera e com ela os beijos ao som de quero-que-eros.
O primeiro beijo ilícito dado pela caneta cor de fruta proibida, mata sua pureza e muda sua textura para sempre.
Daqueles beijos bons frutos dão, eu e você, poesia e poema.
Um completa o outro e o outro contempla o um.
O Papel e a Caneta.
A caneta sempre atenta, atenta o papel.
O papel sempre preparado, abre bem suas duas linhas para lê-la.
Assim foram criados, a caneta para o papel, o papel para receber a caneta.
E enquanto houver amor, haverá um papel, e quando houver um papel, haverá uma caneta, e quanto mais caneta, nascer-se-á poesias e poemas.
E enquanto existirmos, prevalecerá o amor...do Ágape.
Escrito por Débora Saltareli
Publicado no site do grupo " O Teatro Mágico "
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