Fez-se primeiro o papel. Solitário. Necessitava de algo para deixar seus registros. Uma folha a ser preenchida. Depois veio a caneta, fina, doce e instável. Sua microvisão escreve incansávelmente no infinito espaço incompleto cedido pelo papel. O primeiro encontro é um bem-me-risque-não-arrisque, sem sentido, sem direção, ao rumo da próxima estação; a primavera e com ela os beijos ao som de quero-que-eros. O primeiro beijo ilícito dado pela caneta cor de fruta proibida, mata sua pureza e muda sua textura para sempre. Daqueles beijos bons frutos dão, eu e você, poesia e poema. Um completa o outro e o outro contempla o um. O Papel e a Caneta. A caneta sempre atenta, atenta o papel. O papel sempre preparado, abre bem suas duas linhas para lê-la. Assim foram criados, a caneta para o papel, o papel para receber a caneta. E enquanto houver amor, haverá um papel, e quando houver um papel, haverá uma caneta, e quanto mais caneta, nascer-se-á poesias e poemas. E enquanto existirmos, prevalecerá o amor...do Ágape.
Depois de muitos anos a gente percebe que o natal não é sinonimo de magia. Ele passa a ser apenas a comemoração do nascimento de Jesus, segundo diz a tradição cristã. Aquele encanto de antigamente desaparece. Assim como desaparece a saborosa ceia, essa se transforma num jantar um pouco diferenciado dos outros, desaparecem os presentes, a tão esperada hora da chegada daquele velhinho, desaparecem as luzes, os amigos, a família...ah a família, essa sim faz falta. Muitos se casaram e mudaram de família, outros foram morar bem longe e tem aqueles que foram pra mais longe ainda. Tão longe foram que não mais é possível vê-los, nunca mais. Talvez estejam num lugar melhor que a gente, eu prefiro pensar assim. Tem também aqueles que simplesmente se afastaram, sem motivo algum ou até mesmo por alguma discussão banal. Enfim, o natal deixou de ser natal. Virou apenas recordação. As vezes bate uma pontinha de tristeza, melancolia, mas ao mesmo tempo ensina que podemos usar as lembranças para guardar aquilo que gostamos. Aprende-se também que o melhor a fazer nessas horas é desejar um feliz natal e muita sorte...